Risos em Cinza

Deram-me as chaves, cartões, um navio, todas as instruções e mesmo assim permaneço paralisado com uma taça, com vinho tinto pela metade a espera do próximo encontro ou desencontro que possa viver... Alguém poderia me dizer o caminho de volta? Desculpe, essa não é a pergunta correta. Não faz sentido retornar ao passado, hoje não passa de lembrança.
Vejo uma criança em minha frente com seu pai brincando no balanço na praça da lagoa, o vento frio me vem ao encontro, sendo obrigado a fechar o livro e pensar em ir pra casa. Conheci Meiry, ela estava linda com seu vestido negro e cabelos ondulados olhando pra mim.
Festejarei sua partida, beberei do seu sangue e quando tudo estiver resolvido e as pessoas acordadas, caminharei ao mundo dos sonhos, qual será a estação que existe por lá? Inverno, Verão, outono ou primavera? Seria os 4 de uma só vez? … Estou confuso, esta tudo obscuro, quero um drinque e abraço, meu corpo já não existe, os olhos pálidos estão, e meus dedos tristes, por não te encontrar.
Até breve, ou nunca... Alguém certa vez me disse que planejar é um desafio e o fracasso é uma realidade. Que ele esteja errado e os poetas certos. Ainda há luz. É melhor ir pra casa e trancar os portões, torcendo para que o amanhã traga boas novas. Que meus olhos se abram para o milagre, para o invisível. Que o melhor de mim não esteja nos quadros, e sim na carne dos mortais, na dor e na alegria ou na ponta do lápis? Talvez.
Que o copo sujo de café em frente a TV ou computador, não seja o futuro. Pelo que vi na TV hoje não vai chover. Será um dia de praia. Todos a caminho da joaquina, barra da lagoa, campeche, Ingleses. Onde está o que temo? Atrás das cortinas? No palco do invisível? Mario Quintana já dizia que a dor do vento é não ser colorido, talvez seja uma lição para os mortais, que apesar do forte frio de inverno há sempre um bom chá quente, roda de viola a beira da fogueira e um bom cobertor, deixando que o tempo seja um convidado em silêncio. Não permitiremos que sejamos desgastados pela ansiedade.
A solidão é real, o medo é real, o fracasso uma opção, e o sucesso? Caminhada a dois. Consigo lhe ver pequena. Além das pedras não consigo lhe alcançar por mais que corra ou me esforce. Estou cansado, meus pés estão me matando de dor, sinto sede e os espinhos das árvores cortam meu corpo , porque tem que ser assim? Por favor pare, não posso te alcançar. Você continua a caminhada e uma voz a meu redor me diz: calma! Está perto. Ela esta vendo... Não focalize nela, veja a beleza a seu redor e o quanto você conseguiu caminhar sozinho, você poderia ter caído varias vezes ou desistido, mas estar aqui... Por que me sinto sozinho? - pergunto. Que bom saber disso – você com um semblante alegre olha pra mim.
Esta escurecendo! - digo.
É impressão sua, são apenas as árvores, e as vezes as nuvens escondendo o sol por um período de tempo, ilusão das nuvens a pensar que pode esconder o sol, ele nunca sai de seu lugar, mesmo na noite, escuridão ou tempestade… está perto... continue andando, há sempre uma fonte atrás das montanhas esperando por todos que almejam o desconhecido. Do outro lado da serra existe um mar, do oposto averso do medo, a coragem, da tristeza o sorriso, do cansado a superação. 

Torço pelos rios, lágrimas, sangue e suor na longa escalada...