Ultimamente
venho sentindo bem de perto o que poderia ser mesmo que breve, um
certo tipo de delírio, ou apenas a mente a vagar por lugares
desconhecidos, talvez prefira definir como criatividade, por assim
dizer. Recentemente conheci uma garota bela, pele pálida, olhos
azuis, com seu fone de ouvido branco conectado ao seu celular já
guardado na jaqueta, poderia ter terminado de forma bela, só que
infelizmente ela tinha um nome, nome esse que me trouxe a memória
dores do passado... Até que ponto vai o poder do nome? - Pensei. Se
todos esquecessem meu nome, quem eu séria? Me tornaria outra pessoa?
Nasceria de novo? … Morreria e renasceria com um sobrenome
qualquer?
Penso
as vezes que são sombras que nos rodeiam, nos acompanham, nos
guardam, nos iludem, nos enlouquem, nos confundem e nos afastam de
sermos nós, a morte cega, estar vivo ou morto, séria a mesma coisa
para quem vive nessa dimensão de ideias. Já não basta existir,
sendo que o existir não se limita a respirar, ter um nome, seria
portanto a morte, a “caixinha de quem sou, testes? Queres mesmo
saber quem sou? … Talvez quando morrer saberão, ou terão apenas presunções de quem seja, o acaso de quem sentiu, e a tristeza da
ilusão, frustração, séria uma dor futura de algo que talvez nunca
vá acontecer?
São
apenas sombras, o meu, o seu e o nosso nome, sombras. Nada mais!
Carregam identidades, sonhos, ilusões, dores, amores, sucessos e
medos. Ao se libertar de tais nos libertamos. Enlouquecemos,
empobrecemos e vencemos. Eis o veredito de quem sonhou não o ter. O
renascimento incerto do ontem em olhos jamais vistos. A quem ouviu
sobre a primeira impressão, saberia talvez, conjecturar, mesmo que
breve, o poder de tal fantasma. Fulano, já não seria alguém, um
ser, um mundo, mas um nome contido nele, número que serve para nos
aprisionar, iludir, moldar, e assim, matando-nos aos poucos.
Quem
é você? Com que base saberia lhe definir? … Mentir a si mesmo é
sempre mais cômodo do que pensamos. Nada disso lhe define! São
fantasmas, criaturas, nascidas em nossa cabeça, mundos paralelos
repletos de poesia. Talvez, seja uma dádiva dos deuses aos mortais,
a dádiva de ser criadores, não de pele e osso, mas de mente, do
ser, já que o ser não é meramente de carne e osso, mas de ideias.
O que compartilhei anteriormente, o morto que vive, e o vivo que
nunca nasceu. Paradoxo que nos faz pensar... Quando ouvi o nome da
garota, não vi a pessoa que estava conhecendo, vi uma outra, vi
dores, vi momentos de prazeres e lágrimas, vi o passado e o futuro
abraçados e rindo pra mim, vi duas pessoas em uma, ou seja, duas
pessoas no mesmo nome. Hoje sei seu nome, mas será difícil não
compará-la.
Vou
acreditar que essa seja a ressurreição. Sim, como diria os espíritas, a
reencarnação dos nomes, falo de poesia, não de religião. Falo do
poder que a vida nos oferece de nascemos de novo mesmo que em outro
corpo, mesmo com o mesmo nome. O poder do nome por assim dizer, sua
tristeza, ao reencontrar alguém que ama ou a oportunidade de
reconstruir, reparando assim, um passado desfeito pelo medo do não
viver. Todos que me conheceram e conhecerão, terá um mundo, mesmo
não o sendo a mim, múltiplos mundos, essa é uma dádiva dos
deuses.
Carpe
Diem.
Jason
Almeida
Nenhum comentário:
Postar um comentário