Esse
é meu espaço disse a quem vi se aproximar com sutileza e
desatenção, simples assim, direto talvez, mas dei o recado, esse é
meu lugar e ponto final. Meu, meu, somente meu, a respeito da ilusão
sei bem como é sentir-se anestesiado pela sombra cinza que insiste
em nos visitar quando o barulho dos carros adentram pelas janelas e
portas.
Aqui
estou em meu quarto, risonho e triste, certo que tristeza é moda,
contudo me orgulho do nada ser e do pouco que julgo ter, são
matérias, me sinto melhor quando penso assim, é certo que tento
escrever algo que alguém irá ler certo dia, mesmo sabendo que
talvez ninguém lerá. Não importa, contando que não tire minhas
vísceras e as exponha na quitanda ao lado, pra mim tudo ficará bem.
Minha
barba por fazer me lembra que não sou tão jovem e a força que
tinha, hoje está em outro corpo amante, sem pudor ou prazer. Éramos
tão jovens!
Vivo
em um mundo que não me pertence e nele tento encontrar o que talvez
deseje ser, vivo na certeza que não sou obrigado a ser feliz, tão
pouco triste, sei que alguém contará a minha história pra alguém,
mesmo que em uma página policial ou no registro de óbito. Será meu
documento eterno. Adeus as xerox, cadastros e etiquetas, liturgias e
rótulos, serei liberto de algo que me impedi de ser. Corre dentro de
mim uma pessoa que não sou, poemas que não fiz brotam de mim,
invadindo minha privacidade, rasgando meus livros, tocando em meu
violão e tomando meu café. Sim, há algo dentro de mim, e não sou
Eu.
Como
de costume deixarei algo a se pensar: Seria correto ser feliz em um
mundo triste? Ser justo em um mundo desigual? Por que as cores não
são definidas em algoritmos romanos? Minha lição é: Não tente
responder essas perguntas, são tolas, assim como o homem que vindo
do pó a ele voltará, e mesmo assim, enganasse como um ser
alcoolizado se satisfaz com seu vício, o mesmo lhe corroí com a
ilusão do conforto. O que seria meu então? Nada, pois de mim nada
depende para existir, a não ser a sujeita que carrego em meus
sapatos, isso se alguém não me roubar a dignidade primeira.
Que
não seja triste, tão pouco febril meus versos, por dizer. Essa é
uma nota de amor, o desejo pelo real, pela memória abstrata que de
mim se perdeu. Ouço alguém tocando uma bela canção em seu piano,
talvez me chame para tomar um café e esquecer toda a mentira que
escrevo e creio ser real, não seja belo amigo, seja apenas o que
tiver que ser, somente, assim, quando partires talvez sintam sua
falta, mesmo assim, durma e acorde, como nada tivesse acontecido,
pois nada é justo debaixo do sol.
Abraço,
Jason Almeida
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